Reportagem por CaJo San
Depois admiram-se que um individuo, que até tem vontade em andar de bicicleta, de os
acompanhar nas voltinhas domingueiras, queira fazer parte de um grupo altamente motivado
para o desporto biciclado, assim que se mostra um bocadinho, como foi o meu caso, é logo
sobrecarregado com trabalho extra. Porque não foram chamados, por exemplo: O Mimosa ou a Gina, o Nelson ou a Sandra, o Félix ou a Dora, o Fernando ou a Carla Lapa,
a Marlene, a Paula Crespo, o Ni, o Ricardo ou o José Frade, o Lorival, o Helder Rocheta, a
Helena, o Amaro, o Pena, o Tózé, o Rui, o Fernando Victor, o Bruno Lopes, o António Pereira
ou o Cláudio Ramos. Dos pedalantes presentes só posso perdoar o Kimbikes, porque teve
trabalho acrescido.
Ou então, tendo outro ponto de vista, ou seja, o do apoiante incondicional dos Papa Trilhos,
como foi o caso dos pais da Marlene, o Paulo Alex por estar diminuído fisicamente e não poder
participar e os respectivos pais, a Isabel do Ni, a Anita do Tózé, a Bia do Lorival, a D. Sofia mãe
da Paula, a Mariana, o Gonçalo ou o Leandro. Qualquer destas pessoas presentes poderia
ter feito a reportagem, mas não. Foi a mim que tocou e logo em coro, Cájó, Cájó!... Talvez
pensassem que eu andaria perdido e estivessem a chamar por mim. Isso não se faz, hã!!!
De acordo com o prospeto do evento que dizia 740 metros de acumulado e cerca de 70 km de
percurso, lá foram estas 26 alminhas ao encontro da lama e da chuva.
Parque das Lagoas. Um único percalço: o de não termos iniciado a colocação de todas as biclas
ao mesmo tempo. Deu azo a que não conseguíssemos colocar as 26 como é costume, dentro
do autocarro, ou seja, todas direitinhas, somente sem a roda da frente. Para a próxima será
melhor. Todos dentro do veículo, contagem de cabeças e, cá vamos nós, rumo a Alvalade do
Sado. Teremos em situações posteriores aprender como se faz a contagem na tropa, dá muito
jeito.
Cafezinho da praxe no posto de abastecimento de Grândola. Quando a Mariana me pediu um
folhado de salsicha, ia-me dando um treco, 3,20 €, doeu mesmo.
Pelo caminho só se ouvia, chove, não chove, - Olha aquelas nuvens lá ao fundo, será que vêm
na nossa direcção?
Chegámos a Alvalade por volta das 08h30. O Paulo, a Isabel e a Marlene, se não me falha a
memória, foram logo tratar dos dorsais e dos saquinhos das ofertas. Procurámos um sítio para
estacionar o autocarro. Foi no mesmo local de há dois anos. Afastado das vistas porque dali
sairia a equipa secreta e de causar sensação. Começou a chover. Equipámos rapidamente.
Quase todos tinham capas para a chuva.
Junto ao local de partida já havia muitos participantes. Não conseguimos ficar juntos. 09h00.
Lá fomos nós. O percurso, a meu ver, foi alterado em relação a outros anos. Muito rolante com
pequenas oscilações do terreno mas com bastante lama. O chão estava muito pesado pela
quantidade de lama, parecia cola. Os aguaceiros não nos davam sossego. Quando aparecia um
bocadinho de sol e começava a aquecer mas logo a seguir vinha a chuva e ficava frio.
Houve algumas paragens porque havia muita areia em alguns sítios ou então muita água e
afunilava a marcha, criando aglomerações de bicicletas. O Ni, o Rui, o Pena, o Toze estavam
mais para a frente. O Félix, a Dora, a Marlene, a Paula, a Carla, a Sandra, o Nelson, o Fernando
Lapa, o Fernando Victor e eu em determinada altura juntámo-nos e até Campilhas rolámos.
Pelo meio tivemos um abastecimento, Fornalhas Velhas, Bicos (abastecimento km 28 - GPS: 37º49.033’N 008º30.509’W) essencialmente com fruta e água. As pessoas da organização sempre muito atenciosas, com receio que pudesse faltar algo. Bananas e laranjas
cortadas aos quartos.
Barragem de Campilhas - abastecimento e apoio mecânico "Bikes Santiago"– km 43 – (
GPS: 37º50.798’N 008º37.069’W). Em Campilhas sim, o suprassumo do evento. Aquelas sandes
de carne assada têm segredo, vai-se lá saber porquê. As meninas começaram a ficar com frio
e arrancaram logo assim que puseram alguma coisa no estômago. Eu demorei mais um pouco.
Recorri à oficina ambulante porque estava com um problema no desviador, levei dois grandes
esticões no joelho esquerdo, fruto do bloqueio da roda pedaleira. A certa altura pensei que
não iria chegar ao fim, porque parecia que se ia partir tudo. Com bastante óleo na corrente
e no desviador, o problema foi minimizado.
Chegou então o Ricardo e o José Frade. Olhei
para o Ricardo e achei que ele estava um bocadinho cansado. Um jovem com 13 anos a fazer
aquele percurso era dose. Mas ele lá se ia safando, grande Pilão. Ainda fiquei mais um pouco.
Pensei que a Helena vinha logo ali, mas não. Apesar de saber que vinha em boa companhia, o
Kimbikes.
À saída da represa encontrei o Paulo Alex com o Sr. António. O resto do pessoal estava no
autocarro que se encontrava perto, mas como chovia ninguém saía. Eles também iriam sair
dali. Já tinham conhecimento que parte do grupo se aproximava da Serra do Cercal e, que
passando o maior obstáculo da prova não demorariam muito tempo a chegar a Porto Covo.
Cercal do Alentejo (abastecimento km 51 – GPS: 37º48.055’N 008º40.325’W). A subida para a serra é que não foi pera doce, bolas, bolas. Ainda parei para ganhar fôlego.
Pequena incursão pela serra do Cercal – “Toca do Mocho” (apoio mecânico BiciPalma km 54 - GPS: 37º48.150’N 008º41.643’W). Mais um bocadinho de óleo na corrente e lá vai ele. Do
grosso das jeitosas, nada. Deixaram-me fazer a abordagem do trilho da Amazónia sozinho.
Continua o espectáculo de sempre e melhorado, porque foram retiradas algumas pedras
traiçoeiras e troncos também. Só faltavam os trilhos largos até Porto Covo. Puro engano. O
vento tinha se apoderado daquelas terras e às vezes com chuva, dificultava a progressão.
Cheguei a ter a sensação de que andava para trás.
Tabuleta dos últimos 5 km, 3 km, já se vê Porto Covo. Energias renovadas. Passagem pela praia
e subida bem inclinada em alcatrão. Logo ali a meta dos 70 km.
Chegada a Porto Côvo, Largo do Marquês (GPS: 37º51.088’N 008º47.513’W).
Dificuldade ultrapassada, mais uma!
Fui ao encontro do autocarro que estava junto ao Parque de Campismo para a lavagem da
bicla e tomar um banho quentinho e retemperar as forças. Chegou o Lorival e o Helder, chegaram os Frades. O grupo estava quase todo. Faltava a Helena
e o Kimbikes. Preparou-se o repasto junto ao edifício de um clube lá da terra. Chegaram então.
Desta vez até mesa levámos. Estamos a ficar prós nisto. Na mesa eram rissóis de leitão,
huuum, croquetes, chamussas, frango assado. A D.Sofia trouxe uma bôla, muito boa! As barricas do Nelson com cerveja, sumos. Bolinhos,
tartes de requeijão, sei lá o que mais. Estava tudo nos trinques. Estes pedalantes sem estes
acompanhantes não eram nada. Toalhas, guardanapos, copos de plástico, sacos para o lixo,
carinho, dedicação, apoio, não falta nada. Era um autêntico banquete, até nas calorias. 5
estrelas.
Estávamos todos, sem aleijões, sem mazelas, cansaditos sim, mas felizes. Cumprimos mais
mais um. Não envergonhamos ninguém.
A viagem de regresso a Fernão Ferro foi calma e sem sobressaltos, fruto de uma excelente
condução executada por um grande condutor. Está de parabéns o Sr. Jackson, brasileiro de nacionalidade.
As meninas já são um habitué de excelência, sem espinhas. Admirei o esforço do rapaz Frade,
vai longe se continuar assim. Um grande abraço ao Helder, ao Bruno Lopes, ao António Pereira
e ao Cláudio Ramos pelo esforço e companheirismo. Acho que perceberam o nosso espírito de Papa Trilhos e que quando puderem virão novamente rolar connosco. Bem hajam. Ao meu
amigo Paulo Alex, que durante o percurso me lembrei algumas vezes dele, porque é costume
vê-lo ali ao meu lado, rápidas melhoras amigo, fazes falta.
Uma referência elogiosa ao Papa Trilho Kimbikes pela ajuda preciosa que prestou à Helena,
nunca a deixou ficar para trás, acompanhando-a do principio ao fim. Aquele rapaz vale ouro.
Deve ter estado constantemente a praticar a paciência para levar a bom porto a Helena. Sem
ele a Helena provavelmente teria desistido. Obrigado amigo. Mas agora tenho de lhe pagar um
almoço e não é nos Pupilos, diz ele.
Um evento a repetir, eu acho.