Aproveitando a minha frequente deslocação a Itália, era inevitável que mais cedo ou mais tarde os Papa Trilhos fossem formalmente representados também neste país.
Encontrar dois aventureiros, neste caso um aventureiro e uma aventureira, vindos da Polónia, foi o que bastou para planear e executar esta aventura Bttista, bastante completa e repleta de episódios, não somente na vertente exlusiva do BTT.
A voltinha domingueira começou a ser planeada logo no início da semana anterior, com o seguinte atribuição de tarefas: O meu colega Marcin, da Polónia, deslocado em trabalho em Verona, iria tratar de alugar um apartamento para o fim de semana, algures para os lados de Riva del Garda. Eu, em Bergamo, ficaria com a missão de alugar uma viatura - uma Máquina - como se diz aqui em Itália. Com essa Máquina, iria então ter a Verona, onde também a Monika iria chegar, vinda da Polónia. De verona, partiriamos para o fim-de-semana, e em Riva del Garda, alugariamos bicicletas de BTT e iriamos para a montanha curtir. Simples e fácil, certo?
Embora este tipo de planeamento tenha sempre um pouco de incerteza, o facto é que resultou muito bem. Consegui ter o Fiat Panda, aquela Máquina, dentro da hora estimada, lá fui até Verona, pela autoestrada super congestionada, sobre forte chuva, coisa que fazia lembrar que poderia ter falhado qualquer coisa na roupa de BTT escolhida para pôr nas malas... faltava algo impermeável.... A meio da minha viagem, recebo a notícia que a Monika havia chegado ao estritório em Verona (na altura não soube desta parte, mas rapariga chegou completamente encharcada por ter feito a parte final do trajecto a pé: Ah Valente!).
O meu colega Marcin é que, às 21:00 ainda estava a trabalhar nuns entregáveis quaisquer para a segunda-feira seguinte.... coisas de trabalho que atrapalham fins-de-semana.... Restou-nos esperar que os meninos Marco e Marcin parassem então de brincar aos computadores.
A sexta-feira terminava então com a viagem Verona – Riva del Garda, onde se constatou a meterorologia prevista : Sábado iria estar mau tempo, com nuvens muito baixas, ou seja, nevoeiro na serra.
No Domingo, sim, previa-se um belo dia de sol. Então aproveitamos o Sábado para, sem pressas, passear pelo norte do lago de Garda, e procurar por potenciais trajetos para a nossa volta de BTT. Foi em Malcesine que encontrámos o nosso trajecto: era uma coisa fácil, sempre a descer, 50Km em 5 horas. A coisa era simples: Temos um parque de estacionamento seguro – tinha de ser seguro, porque íamos com as bagagens todas - no mesmo local onde se alugam as bicicletas, sitio este que era mesmo na entrada para o funicular, local onde se daria início à aventura. Tudo simples e perfeito, certo?
Errado! No domingo de manhã, em plena execução do nosso plano, a 50 metros do parque de estacionamento, a estrada estava cortada. Ainda tentei passar as barreiras, mas um polícia correu logo comigo, mesmo num inglês muito esforçado. Ainda tentámos explicar que tinha de entrar para o parque de estacionamento que estava mesmo nas costas dele, mas apesar desse esfoço, ele obrigou-nos a voltar para trás, recomendando um outro parque, desta vez em area descoberta. Mas pronto, não havendo alternativas, lá fomos deixar a nossa máquina no parque que o polícia indicou.
Apesar deste pequeno entrave, executamos o restante plano. Alugar as bikes (As bici como eles lhes chamam) e apanhar o funicular que nos levaria até ao topo do monte baldo. Isto é luxo, amigos! Subir de funicular até um D+ de 1760.... assim, num instantinho!
A foto abaixo foi retirada da internet, porque as nossas ficaram um pouquinho bassas devido ao vidro.
Verdade, 1760m! A volta de BTTcomeçou a uma bela altitude de 1760m, no Monte Baldo.
Ao chegar lá acima, a vista era de tal beleza que uma hora depois de lá estarmos, ainda por lá andávamos de cameras na mão a tirar fotos em quantidades de fazer corar um chinês.
Em qualquer direcção que se olhe, é uma deslumbrante visão de Neve, Verde, Azul e Água, banhado com um Sol radiante.
Se era planeado ser em 5 horas, então já sairíamos com um atraso de 1 hora adicional para o nosso MTB red tour, só porque não queriamos sair dalí.
O trajecto seria qualquer coisa como Monte Baldo-Tratto Spino - Bocca di Navene - Bocca del Creer - Malga Bes - S.Valentino - S.Giacomo - Festa - Brentonico - Castione - Loppio - Nago - Torbole – Malcesine.
A forma como os italianos sinalizam os percursos de BTT é algo que deveriamos copiar por cá. Além de todos os cruzamentos estarem sinalizadoscom as direcções, indicam também o acumulado D+. Sim, a unidade preciosa para quem está em terras montanhosas e inclinadas como o raio, sem qualquer meio de locomoção a não ser as perninhas. Este exemplo da foto é num sítio alto, por isso todas as direcções têm acumulados pequenos.
Apesar de levarmos um mapa de apoio, o trajecto estava devidamente marcado em todos os cruzamenos, acabamos por (quase) não precisar de mapa. Quase....
A coisa era simples: Sempre a descer, excepto uma pequena subidinha de 350m D+.
Foi o desfrutar de vistas a grandes altitudes, sem qualquer esforço para lá chegar. Isto, não estava habituado, mas conseguiria habituar-me, na boa.
O trajecto apontava agora para o início da primeira e única subida (pensava-se ser a única).
A subida era pequena, mas cansava! Lá em cima, o que me valeu foi um par de barrinhas energéticas especiais de corrida, do tipo ultra-tuga-bars, que arranjei especialmente para esta voltinha.
Este circuito estava desenhado para ser simples e fácil. Com a a opção de, a meio, podermos optar por um caminho mais de estradões ou um outro, mais pelo interior da serra, mais semelhante aos trilhos BTT. Ambos tinham muito pouco acumulado, por isso a escolha era apenas de caracter técnico, não físico. Parecia simples até que tomamos a decisão de ir pela opção “interior da serra”. Depois de termos feitos uns 5 Km sempre a subir, e de já irmos mais de 300m de acumulado D+, sem qualquer sinal GPS, sem qualquer sinal de rede nos telemóveis que inutilizavam os mapas que levavamos connosco, decidimos então voltar para trás e ir pelo tal trajecto mais dos estradões. Descobrimos, mais tarde, que esta opção alternativa não estava sinalizada com o mesmo “nome”, por isso era inevitável que nos perderíamos no primeiro cruzamento.
Ao chegar ao lago de Garda, em Torbole, tivemos proceder em conformidade com os rituais italianos, que neste caso é o famoso geladinho (gelato). Uma maravilha, este ritual, também deviamos copiar!
A partir daqui, foi sempre a rolar por estrada, via partilhada também com os carros. Não deveria ser perigoso, mas grande parte desses carros eram conduzidos por italianos, o que torna este trajecto ainda mais perigoso do que os mega-drops que apanhámos a meio de alguns trajectos.
A loja onde alugámos as bicicletas fechava Às 18:00. Já passava das 17:00 quando finalmente chegamos a Malcesine. Apesar de isto ser uma volta fácil, o certo é que a complicámos ao ponto de as pernas já doerem. Afinal de contas, já iamos com 8 horas de passeio.
Parecia que a aventura estava a chegar a um final, e quando já estávamos a entregar as bicicletas na loja, encontramos um papel no vidro da Máquina (carro) a dizer: “Polícia: O seu carro foi assaltado. Contacte-nos urgentemente porque poderemos ter bens que lhe pertencem”. Ficámos assustados, ao ter um carro carregado com toda a nossa bagagem a ser alvo de assalto. Apesar de termos sintomas de algum reboliço do interior do carro e de este estar aberto, o facto é que não nos faltava nada. Mesmo assim disso, decidimos passar pela polícia, pelo sim pelo não.
Tenho que dizer que a opininião que os italianos têm dos Carabinieri é a de tipos muito maus, rudes e inflexíveis. Mas a minha opinião é que foram extremamente simpáticos, esforçaram-se por falar inglês connosco e prestaram-se a passar uma declaração para a empresa de aluguer, para o caso de haver algum dano menos visível no carro. Parecia simples, mais uma vez, mas quando foram tirar a cópia do meu BI e do contrato do carro, esqueceram-se desses documentos na fotocopiadora, coisa que só dei por falta quando parámos para jantar a meio da viagem, já a mais de 1 hora de distância de Malcesine. Ainda tentámos telefonar, mas já não havia lá ninguém para devolver os documentos. Estava condenado a ter de lá voltar outro dia. E tinha mesmo de ir, porque o meu voo de volta a casa era já em 3 dias e sem BI não há avioneta que me deixe entrar.
Sem solução possível de imediato, é um problema resolvido, então há que jantar e comemorar: E em Itália, come-se italiano!
Esta aventura só acabou dois dias depois quando, gerindo entre boleias e transportes públicos, lá fui até Malcesine só para poder ter de volta os meus documentos, num passeio de 5 horas. Agora sim, terminava oficialmente a nossa aventura de BTT!
Conclusão: A polícia impedíu-me de estacionar onde era seguro, onde na alternativa por ela recomendada, a outra polícia apanhou um ladrão que assaltou o meu carro assaltado, a mesma policia que se abotoou aos meus documentos! Complicado....
Finalmente, pude apanhar o meu avião de volta, com toda a documentação necessária e já sem qualquer vestígio de BTT.
To my dear friends Monika and Marcin, an enormous thanks to you both for welcoming me on this craziness, making this adventure coming true. You are now part of the Papa Trilhos’ family so put Portugal on your plans and join our team on a MTB adventure soon. We take care of the cycling clothes and the Bicycles! Just appear. :D
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