Aos que, repentinamente, se sentem subitamente despertados pela curiosidade, ansiosos por descobrir que teriam andado a fazer alguns dos nossos Papa Trilhos, informam-se que poderiam ter estado pessoalmente nos pontos de encontro, à hora combinada, podendo assistir a tudo presencialmente. O horário de saída foi cumprido!
O repto tinha sido lançado. Antevia-se festa, comida e muita diversão! Os Cinco - foram os que decidiram sair da sua zona de conforto e entregarem-se a mais um passeio noturno. A coisa prometia, como promete sempre.
Uma série de pormenores acabou por desenhar o nosso trajeto. O primeiro foi logo com a ausência de um conhecedor do caminho do Pinhal Novo: O Mimosa! Não conseguíamos assegurar entre nós, "Ambos os cinco" como diria logo o presidente do Benfica, que conseguiríamos um trajeto com o mínimo asfalto possível. Este que seria o sexto elemento tinha deixado uma desculpa daquelas que não convencia ninguém, por isso saiu ainda um telefonema, em pleno "pedalamento" por terra batida e areia, invocando o argumento de que estaríamos mesmo ao lado de casa, a sua casa, entenda-se. Não foi suficientemente motivador! Tivemos que nos desenrascar por nossa conta e seguir o planeamento entretanto acordado.
O destino pretendido não tinha muito por onde falhar! Com o castelo de Palmela em linha de vista a servir de referência à nossa direita, bastou definir um certo ângulo e rumar na direção da estrada principal, que nos haveria de levar então ao nosso objetivo final, tal como teria feito o nosso Vasco da Gama se tivesse a pedalar connosco. Mas não estava...e notou-se essa ausência um pouco mais à frente. Todos felizes da vida, pelo caminho de Pinhal Novo, ajudados pela linha de comboio que serviu de guia, liderados pelo Vítor, depressa deparámos com uma estrada que nos soou a desconhecido.... estávamos oficialmente fora de rota, embora soubéssemos que se tratava de uma paralela, sabendo por isso que a direção continuava correta.
Com o aparecimento das primeiras dúvidas se estaríamos mesmo a seguir o melhor caminho, surge o nosso amigo Rui, orgulhosamente a demonstrar as capacidades do seu equipamento eletrónico, com a informação:
- A Moita está a 10 quilómetros! – informou em voz alta, ainda com a sugestão do percurso a tomar.
Com a entrada em cena da eletrónica, há que esclarecer que se trata de um modelo específico de GPS especialmente desenvolvido para bicicletas (ou para os seus pedalantes).
Pouco tempo depois estávamos a fazer a nacional 379, a que liga Palmela à Moita, embora a tenhamos entrado bastante mais longe do que o pretendido, ou seja, tivemos de fazer mais asfalto que desejaríamos. Mas soube bem, com o nosso António cada vez mais orgulhoso da média que levávamos, também consequência de muito alcatrão rolante, a juntar à fome já se instalara e nos apressava cada vez mais na nossa missão.
Chegando à Moita, com dúvidas existenciais esquerda, direita, no início, no fim, mesa da frente, mesa do lado, esta ou aquela cadeira, depois de um quarto de hora de indecisões, lá nos posicionámos na zona "hot" da restauração! Instintivamente, distribuímos as tarefas por todos. Pouco tempo depois, enquanto sentados a reabastecer de coiratos, febras, entremeadas, pão com chouriço e onde até um prato vegerariano foi honrosamente representado na nossa mesa, conversava-se calmamente, com a curiosidade de termos ficado a saber que os tipos que servem bifanas e os que servem pão com chouriço também pedalam, têm bicicletas de estrada e com forqueta em carbono e o quadro em alumínio.... acho que foram muito demorados a servir, é o que temos a concluir....
Foi comida com fartura! No sentido literal nominativo para uns e sentido figurativo quantitativo para outros.
Sabia bem estar ali, naquela Moita! Mais uma vez, tanto no sentido literal como figurativo.
Mas os compromissos com o nosso lar elevavam-se: Era hora de voltar. O Vítor dá uma ideia:
- E que tal uma ginjinha?
- Isso é que era - respondem todos, embora cada um da sua forma, como por exemplo o célebre “- Bora lá!”.
Todos tínhamos ideia de ter avistado uma barraquinha a vender ginja, mas só quando chegados à ponta do “fim da festa” é que nos apercebemos que nos confundimos e a ginja estava na outra ponta – estranhas confusões que ocorrem normalmente depois de ingeridas certas e determinadas bebidas. Estava agora longe demais, por isso abortámos a ideia da ginja e seguimos viagem, não sem antes termos parado para a foto da praxe.
Vestidas as roupas extra para fazer face ao frio que já nos envolvia, característica natural nesta altura do calendário, iniciámos o nosso trajeto de volta, desta vez pelo percurso correto. Ainda houve quem se sentisse tentado a apanhar a A33, mas ficámos sóbrios a tempo de conseguir evitar essa opção, por ser demasiado fácil, entenda-se. Um pouco de asfalto e lá estávamos nós na terra batida, novamente liderados pelo amigo Vítor.
Como era já noite, não foi de estranhar que começassem umas dúvidas aqui ou ali, assumindo o Rui a missão de desfazer as dúvidas:
- Fernão Ferro está a 10 quilómetros, rapazes!
Lembram-se de termos já falado sobre o GPS do Rui? Trata-se do modelo novo, o Garmin KM-10. Este equipamento tem a capacidade de, como alguns já poderão ter depreendido, nos indicar que localidades podemos encontrar a precisamente 10 Km de distância. Muito útil, não é?
Chegados a Areia - não é areia, é a Quinta da Areia, estávamos já perto de casa, portanto.
Tão próximos de casa quanto mais nos íamos despedindo uns dos outros, lá terminou a aventura de 55 Km.
Os magníficos Cinco chegaram finalmente a casa: Vítor, Rui, António, Fátima e eu (Pedro).
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